Sobre o autor


Viajei de avião, de trem, e de navio, mas – imitando na vida os versos de Manoel Bandeira – viajei mais ainda na cabeça e na fantasia.1 Sempre encontrei meu porto seguro entre pais e irmãos. Dos meus avós ouvi histórias maravilhosas sobre a História, aventuras de sonho e pesadelo em outros países, e contos de magos, monstros, e monarcas infames. Quando parti levei a família, mas no meio da viagem a perdi. Senti a dor do desamor imposto, e recomecei, porque precisava. Descobri então a alegria de reencontrar o amor e a paz que ele me trouxe. Morei e trabalhei como professor na França, na América, e até durante alguns meses em Singapura. Depois voltei a ter endereço, prontuário, e celular no Brasil, mas acabei partindo de novo, tal a ânsia de desbravar.

Em quantos lugares lancei amarras, que eu jamais tinha pensado visitar quando aos 15 anos ia de ônibus pro colégio no Humaitá! No começo fui embalado pela vontade de descobrir e pelo desafio de conquistar. Agora continuo só porque ainda tenho o meu porto seguro para voltar quando me cansar de vez. Logicamente, curto o mar, e tenho um veleirinho atracado não muito longe de casa. Está sempre pronto para zarpar.

Carlos Alberto de Mello e Souza

  1. Vi terras da minha terra. / Por outras terras andei. / Mas o que ficou marcado / no meu olhar fatigado / foram terras que inventei.” Manoel Bandeira (1959). ↩︎

Histórias de um viajante.